Um sábio disse que “ouvimos o estrondo de uma árvore que cai, mas não ouvimos o som sutil da floresta crescendo”. Isso evidencia que as perdas e impactos negativos aparecem mais do que os ganhos e impactos positivos.
Uma das razões para isso é que a criação, o avanço da vida, requerem empenho, energia e tempo. A destruição, a inércia e a morte são instantâneas.
Sempre que algo novo aparece, as opiniões são entusiasmadas por parte de quem as aceita e depreciativas por parte de quem as repele. São características intrínsecas às pessoas e aos seus pontos de vista.
ESG chega como um termo que renova o entendimento da intervenção para impacto positivo. Trata-se da mesma visão: mais benefício e menos malefício nos contextos sociais e ambientais, e consequentemente, no financeiro.
Entusiastas integrados acreditam que agora as empresas serão protagonistas da revolução global e apocalípticos descrentes pensam que ESG é mais um conjunto de letras para os selvagens capitalistas enfeitarem seu marketing.
É importante enxergarmos a jornada. Nada é do dia para a noite. Toda transformação leva tempo e se tratando de cultura, é ainda mais complexa.
Tudo o que existe de bom hoje vem de versões não tão boas assim, de pouco tempo atrás. O celular de hoje é infinitamente melhor que o de 10 anos atrás. Mas sem aqueles primeiros, não chegaríamos nos atuais.
Há uma transformação em curso e é preciso entendermos o processo e reconhecer os avanços que temos tido.
A mudança de consciência está acontecendo. Novos empresários já estreiam no empreendedorismo com esta mentalidade formada e as pressões do mercado, das leis e do público puxam e empurram o movimento para frente.
Na década de 80 a Responsabilidade Social Corporativa era um ideal, trabalhado somente entre ativistas da causa e empresários convencidos pelo próprio entendimento. Com a Rio92, primeiro evento global sobre sustentabilidade que incluiu o empresariado no contexto, foi iniciada uma nova fase, com ações e referências ainda insipientes. De 2000 em diante sustentabilidade começou a ser falada com mais ênfase e em 2012 a Rio+20 colocou mais lenha nessa fogueira para o setor privado.
Muita coisa boa foi feita neste período. O caminho foi pavimentado, mas ainda parecia coisa de empresário idealista. As métricas ainda eram incertas, mas já havia uma certa clareza: a iniciativa privada deve e pode causar menos impacto negativo e mais impacto positivo. E mais: ela pode ser protagonista deste movimento.
Em 2020, no Fórum Econômico Mundial em Davos, a Black Rock coloca na mesa que seus investimentos darão prioridade aos negócios que tenham métricas de ESG em sua gestão. Foi aí que o termo ganhou força e passou a significar a nova realidade do mercado para sustentabilidade.
Hoje, partindo para 2022, temos este novo capitalismo nascido. Só nascido.
Para chegarmos à maturidade disso tudo, temos que alimentá-lo, nutri-lo, instrui-lo, lapida-lo e cuidar de sua saúde e desenvolvimento. É um cuidado para sempre! Nada está pronto, estamos em obras constantemente, como em tudo na vida.
Mas agora não é mais ativismo. Já se sabe o valor mercadológico que ESG agrega nos negócios, nas marcas e na gestão das empresas.
As sementes foram lançadas e “a floresta está crescendo”. A luz do túnel está acesa e o caminho está traçado. As boas práticas de hoje serão as bases de melhoria contínua que esta mudança de cultura requer.
ESG não é a salvação do mundo como esperam os entusiastas.
Mas também não é só marketing como acusam os apocalípticos.
Vamos em frente com calma, firmeza e foco.
Deixemos que os bons frutos floresçam.
Posts relacionados
24/02/2023
Empresas psicopatas e o novo mundo.
O Capitalismo é um Sistema, um Regime. Ele não é bom, nem mau. O que foi feito…
12/12/2022
Recursos Humanos, Naturais e Financeiros.
Em inglês, o termo Triple Button Line é definido por 3 Ps: People, Planet and…