Embora tenha sido praticado por um bom tempo de forma Selvagem, a Natureza do Capitalismo é Saudável.
Das profundezas da organização socioeconômica, se criando sob as práticas mercadológicas que anuviaram o ciclo de mutação em curso desde o fim do último século, emerge, como símbolo deste novo tempo, o novo capitalismo.
Este regerá o mercado daqui em diante. Não todo o mercado, bem sabemos. Mas sim o das empresas que se atentarem para este fato e o das que foram criadas ou ainda serão concebidas com um Propósito maior, alinhado com estes valores agora tão mais evidentes e integrantes da nova consciência humana na terra.
O Capitalismo Saudável haverá de existir em paralelo com o Selvagem. Um não elimina o outro. Assim como o mercado da carne coexiste com o vegetariano ou como as drogas coexistem com o mundo fitness. Não haverá uma transformação de 100% do mundo corporativo. O que já existe, perdura. O que está em curso é a ascendência de uma nova realidade paralela. O nascimento do novo. E o novo sempre surge sob olhares desconfiados, descrentes, ou de menosprezo. Até que faça sentido.
E agora faz sentido.
O que há pouco foi romântico, ativista ou idealista, já é comprovado com números e evidências de funcionalidade, de economia financeira, de maior valor agregado aos produtos e serviços e de maior índice de felicidade humana, animal e terráquea como um todo.
A capacidade de se sustentar ao longo do tempo, da vida, do ciclo de consumo, vem de um equilíbrio que não pode ser forjado de fora pra dentro. Deve partir do íntimo da empresa, da sua vocação. Deve ser a sua verdade existencial que serve ao mundo de alguma forma.
As empresas têm a capacidade e a oportunidade de serem a vanguarda da transformação que tanto almejamos. A capilaridade empresarial – o enorme volume de pessoas que elas alcançam – em seus diversos stakeholders, permite que se agregue na cultura da exploração ambiental, da produção e do consumo, valores que minimizarão em muito o impacto negativo tido até hoje como normal. Estes valores também maximizarão o impacto positivo, que ainda não havia sido considerado poder ser acionado e orientado pela iniciativa privada.
Esperava-se que acontecesse, porém não havia o protagonismo.
Mas chegou a hora.
Em meados de 2020, enquanto este manifesto é publicado, somos acometidos de uma situação global que nos mostrou que, se for preciso mesmo, a gente para. Pode ser prejudicial. Mas conseguimos parar. Isso fez com que águas, há décadas turvas, transparecessem seus leitos. Fez com que céus se abrissem em meio a cidades nebulosas. Fez pessoas se conectarem (virtualmente, é certo) com entes queridos e atividades profissionais antes não percebidos como possíveis de forma tão intensa, simples e funcional quanto pensávamos.
Entenderemos, após este período de pausa e adaptação, que podemos fazer as coisas de forma diferente. Podemos fazer quase tudo com menos custo, menos pressão, menos desgaste. Podemos fazer tudo com mais eficácia, mais saúde, mais amor.
Os valores agora são outros. A pauta não é só lucro; é confiabilidade, estabilidade, equilíbrio. Prevalecerão negócios de bases relacionais, de cooperação e valor gerado mútuo. Se evidenciarão as empresas que têm a visão e a habilidade de migrar para ou brotar nesta nova economia.
O Capitalismo Saudável está sendo propagado e praticado mundo afora, quer os apocalípticos acreditem ou não. Certificações como o Sistema B, movimentos como o Capitalismo Consciente, os Negócios de Impacto, formadores de opinião, escritores, ativistas e empreendedores positivistas natos, são movidos do mesmo espírito construtivo nesta crescente esfera da iniciativa privada, protagonizando a justiça por meio dos negócios.
Um amplo espectro de perfis de pessoas, com habilidades e naturezas diferentes e complementares, operam desde pequenas iniciativas em seus singelos círculos de influencia, até o articular de políticas impactantes pelos bastidores das grandes corporações, entidades e governos. Temos códigos de conduta institucional, alinhamentos de direções estratégicas e legislações que levam as práticas mercadológicas a este novo e entusiasmante cenário.
O que acaba de nascer (e já está firme, em pé) tem alto teor de impacto positivo. Tanto seu efeito quanto sua filosofia, têm grande poder de persuasão, pois fala ao íntimo do ser humano; faz muito mais sentido do que tudo o que já foi praticado até hoje.
Quem teve contato com esta consciência e viu que é possível fazer negócios de uma forma diferente, não volta mais atrás. E são muitos os empreendedores já convencidos disso. Serão ainda mais numerosos os novos empresários que já iniciarão suas empresas com esta pegada.
O Brasil tem um dos maiores índices de empreendedorismo do mundo. Somos um povo criativo e bem intencionado (o lado bom, é claro.). Temos o potencial de criar empresas que causam impacto em uma escala sem precedentes, pois a população urge por uma solução que seja eficaz e chegue de forma eficiente, coerente e funcional. Nosso país tem, naturalmente, a condição de ser auto sustentável. A riqueza dos nossos biomas e a natureza de nossas pessoas nos permite e fomenta isso.
Dentre os empresários que sentem isso na veia, muitos sabem como fazer e o que deve ser feito. Mas muitos outros não. Existimos para ajuda-los a colocar suas empresas neste caminho, para fazer desta massa de empreendedores heroicos, a locomotiva desta nação.
O poder de transformação que paira sobre o mundo está nas mãos das empresas. O Governo tem seu papel, é claro. Mas este papel é bem mais importante e necessário na legislação e na supervisão jurídica do que em executar a gestão. Quem tem o know-how e a natureza para gerir, administrar e crescer, são as empresas privadas.
E as empresas privadas terão que ser “sustentáveis”, pois elas serão “votadas” pelo seu público, via consumo. Ou a empresa está alinhada com boas práticas, ou ela não vende. Simples assim. E não somos nós que estamos dizendo isso. Basta “uma voltinha pelas redes sociais” para vermos conteúdos, posts e campanhas que afirmam e expressam ideias e ideais em amplitudes e realidades diferentes, mundo afora, afirmando esta postura do público em relação aos seus escolhidos como fornecedores de tudo; de alimentos aos criadores de música. Do papel higiênico ao aplicativo de operação na Bolsa de Valores.
Este novo capitalismo vai resolver a situação dos excluídos? Imediata e completamente, não.
Este alcance não será pleno, de fato. Nenhum sistema o será, na verdade.
E o timing de expansão deste tipo de benefício se dá em médio prazo. O que veremos é, cada vez mais, um pequeno empresário e uma grande corporação fazendo o mesmo: algo além do que faziam antes, ampliando os benefícios para além de seus proprietários/acionistas. Isso harmonizará a sociedade em seu entorno de forma que todos estarão mais bem assistidos, mais felizes, financeiramente melhores e mais saudáveis.
Isto já está acontecendo.
É a nova era dos negócios.
O que está diante de nós, senhoras e senhores, é o Capitalismo Saudável.
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